segunda-feira, 16 de maio de 2011



Aquele silêncio permitia que as minhas mais profundas vontades, viessem à tona.
Desejei levantar da cadeira de balanço e deitar de costas no chão, olhando pro céu, parcialmente estrelado. Estranhamente o cinza daquele chão de concreto batido me atraia com certo vigor. Deitei.
Fiquei ali, deitada inerte. Ouvindo o silêncio, a garoa caindo de leve - era possível ver as gotículas vindo em direção ao meu rosto - diversos grilos e sapos numa comunicação ininteligível à distância. Agora uma procissão quebrava o sossego. Casta de senhoras pacatas, entoavam um mantra em devoção a Sta Rita com dezenas de velas em punho. Repentinamente levantei a cabeça, mas sem fitá-las diretamente, mas pude ouvi-las comentando algo sobre o fato de eu estar estirada na calçada. Não dei ouvidos e em seguida essa cena é cortada pela ação de um pai, cansado do trabalho, bate a porta de uma casa. Os filhos vieram no portão recebê-lo, quanto carinho! Voltei então a apoiar a cabeça na calçada. E mesmo ela comprimida aquele chão, duro e denso, pude sentir aquela recepção acalorada, cheia de amor e felicidade.
Ah!! Porém, a vontade de viver, ainda não era o meu objetivo. Porém, alguém chegou próximo a mim e me fez levantar e seguir a vida, afinal. Então esse alguém pegou o papel e o lápis que estavam ao meu lado, e escreveu num tom ainda mais confuso ao que eu encontrava-me, as seguintes palavras: Não sei o que escrever... Sei, não, não sei. E agora?

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